As
cantigas de amor são de origem provençal, isto é, de Provença, região do sul da
França. Eram declamadas ou cantadas com o acompanhamento de instrumentos
musicais de corda ou sopro. Nelas se manifestava o amor cortes, um amor elevado
ao seu mais alto grau de perfeição.
Quando as
cantigas de amor chegaram à península Ibérica, já existia em Portugal uma
poesia nativa, folclórica: as cantigas de amigo.
Literatura
medieval portuguesa
A literatura medieval portuguesa
costuma ser dividida em dois períodos:
TROVADORISMO
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1189 (ou 1198) a 1418
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1189 ou 1198 é o ano presumível da Cantiga da
Ribeirinha, marco histórico da poesia escrita em língua portuguesa.
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HUMANISMO
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1418 a 1527
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Em 1418, Fernão Lopes é nomeado guarda-mor da
Torre do Tombo (chefe dos arquivos de Estado), incumbido de registrar em
crônicas as histórias dos reis de Portugal. Em 1527, o poeta Sá de Miranda
retorna da Itália e introduz o soneto, novidade que aprendera com os renascentistas
italianos, inaugurando assim a Era Clássica em Portugal.
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Contexto
histórico
HISTÓRIA
1308 – Fundação da Universidade
de Coimbra.
1415 – Conquista de Ceuta
1420 – Início da expansão
marítima. Descoberta da Ilha da Madeira.
1453 – Os turcos conquistam
Constantinopla. Fim da Idade Média.
1482 – Diogo Cão descobre a foz
do Zaire.
1487 – Bartolomeu Dias dobra o
cabo da Boa Esperança
1492 – Colombo descobre a América
1498 – Vasco da Gama descobre o
caminho marítimo para as Índias.
A
hierarquia da sociedade feudal era formada por três grupos: clero, nobreza e povo. Deste
último grupo faziam parte os vilões
(homens livres, ricos ou pobres, mas que não eram nobres), os semi-servos (trabalhadores das terras
dos senhores, fazendo parte da riqueza destes) e os escravos (mouros capturados em operações de guerra).
Havia uma
relação de dependência muito bem definida entre as diversas camadas sociais: os
trabalhadores rurais eram vassalos dos nobres e dos eclesiásticos e estes, por
sua vez, eram vassalos do rei, que era rei “pela vontade divina”.
O espírito teocêntrico da época, ou seja,
Deus como centro de todo Universo, contribuía para manter e justificar o
sistema feudal.
O
espírito teocêntrico dominava toda Idade Média: o homem era extremamente
religioso, frequentava a igreja, participava de romarias, peregrinações e
cerimônias religiosas. Aceitando a ideia de que seu destino já estava traçado,
mantinha-se (ou era mantido) numa posição subalterna, sem contestar ou tentar
modificar a estrutura social que o explorava.
A visão
teocêntrica e a relação de vassalagem iriam caracterizar não só a literatura
como também a pintura e a arquitetura da
época.
As
cantigas trovadorescas
CANTIGAS DE AMOR
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CANTIGAS DE AMIGO
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Sujeito
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O trovador assume o eu lírico masculino: é o homem
que fala.
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O trovador assume o eu-lírico feminino: é a
mulher quem fala.
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Objeto
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Feminino: a dama, a “senhor”.
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Masculino: o amigo.
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Caracterização do sujeito
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Cativo, coitado, enlouquecido, aflito, sofredor.
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Louçã (formosa), velida (bela, graciosa), loada
(louvada), leda (alegre), fremosa (formosa).
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Caracterização do objeto
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Idealização da mulher pelas qualidades físicas
(beleza), morais (bondade, lealdade), sociais (falar bem, de grande valor)
etc.
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Mentiroso, traidor, fremoso (formoso) etc.
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Expressão dos sentimentos
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Expressa a coita (dor, mágoa) amorosa do
trovador por amar uma mulher inacessível e a quem rende vassalagem amorosa.
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Expressa sentimentos de uma mulher que sofre por
sentir saudades do amigo (namorado).
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Cenário
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A natureza e o ambiente da corte.
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O campo (fonte, flores, aves), o mar e a casa.
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Origem
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É de origem provençal.
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Teve origem em território galaico-português.
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Além das
cantigas de amor e de amigo, alguns poetas escreveram cantigas em estilo
irônico e mordaz visando censurar ou ridicularizar defeitos ou vícios. São as
cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer.
CANTIGAS DE ESCÁRNIO
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CANTIGAS DE MALDIZER
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Cantiga de caráter satírico, em que o ataque
se processa indiretamente, por intermédio da ironia e do sarcasmo.
Criticava pessoas, costumes e acontecimentos,
sem revelar o nome da pessoa ou pessoas visadas.
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Cantiga de caráter satírico, em que o ataque se
processa diretamente.
Criticava pessoas, costumes ou acontecimentos,
citando o nome da pessoa ou pessoas visadas.
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Referência: MAIA, J.D. Português
N. Ensino Médio. São Paulo, Ática, 2004.
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