Candidata: Marcela Sousa Araújo,
21 anos, Itabuna (Bahia)
No
meio do caminho tinha uma pedra
No limiar
do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil
foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e
defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que
se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos,
cavados diariamente por opressores intolerantes.
O Brasil
é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição
Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como
base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações
religiosas e a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas
por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os diversos “Brasis”
dentro da mesma nação é motivo de preocupação.
Paradoxalmente
ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes
inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são
registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15%
envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros.
Partindo dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e
reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre
oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.
Parafraseando
o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância
religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do
autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias
alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e
mídia.
O Estado,
por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas
que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá
garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de
caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida
escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular campanhas de diversidade
religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando as pedras do meio do
caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.
REFERÊNCIA
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