Resumo
Macunaíma nasce à margem do
Uraricoera na Floresta Amazônica e já manifesta uma de suas características
mais fortes: a preguiça. Desde pequeno ele busca prazeres amorosos com a mulher
de seu irmão Jiguê. Em uma de suas “brincadeiras” amorosas, Macunaíma se
transforma em um príncipe lindo.
Por suas traquinagens, Macunaíma
é abandonado pela mãe. No meio do mato, encontra o Curupira, que arma uma
cilada para o herói, da qual acaba escapando por preguiça de seguir o falso
conselho do Curupira. Depois de contar à cotia como enganou o monstro, ela joga
calda de aipim envenenada em Macunaíma, fazendo seu corpo crescer, com exceção
da cabeça, que ele consegue desviar do caldo.
Com a ajuda dos irmãos, Macunaíma
consegue fazer sexo com Ci, a Mãe do Mato, que engravida e perde o filho. Após
a morte do filho, Ci sob ao céu e se transforma em uma estrela. Antes disso,
ela dá a Macunaíma a famosa muiraquitã, um tipo de talismã ou amuleto.
Triste, Macunaíma segue seu
caminho após se despedir das Icamiabas (tribo das índias sem marido). Encontra
o monstro Capei e luta contra ele. Nessa batalha, perde o muiraquitã e fica
sabendo que uma tartaruga apanhada por um mariscador havia encontrado o
talismã, e esse o tinha vendido a Venceslau Pietro Pietra, rico fazendeiro,
residente em São Paulo.
O herói, acompanhado dos irmãos,
vai para São Paulo, com o objetivo de recuperar a pedra. Na cidade, descobre
que Venceslau Pietro Pietra é o gigante Piaimã, devorador de gente que era
amigo da Ceiuci, também apreciadora de carne humana.
Macunaíma disfarça-se de francesa
para seduzir o gigante Piaimã e recuperar a muiraquitã. O gigante propõe dar a
pedra ao herói disfarçado se esse aceitasse dormir com ele. Macunaíma, então,
foge numa correria por todo o Brasil.
Macunaíma vai para um terreiro de
macumba no Rio de Janeiro e pede à macumbeira que dê uma sova cruel no gigante.
Ainda no Rio, o herói encontra
Vei, a deusa-sol. O herói promete a Vei que iria casar-se com uma de suas
filhas. Na mesma noite, no entanto, Macunaíma “brinca” (ou seja, faz sexo) com
uma portuguesa, enfurecendo a deusa. Ela manda um monstro pavoroso atrás do
herói, que foge deixando a portuguesa com o monstro.
No retorno a São Paulo, Macunaíma
escreve a famosa “Carta pras Icamiabas”, na qual descreve, em estilo
afetadíssimo, a agitação e as mazelas da vida paulistana.
Com Venceslau Pietro Pietra
adoentado por conta da surra que levou de Exu, Macunaíma fica impossibilitado
de recuperar a pedra. Assim, ele gasta seu tempo aprendendo as difíceis línguas
da terra: “o brasileiro falado e o português escrito”.
Depois de arrumar uma saborosa
confusão na cidade, o herói vai visitar o gigante, que ainda se recuperava.
Resolve fazer uma pescaria no Tietê, onde também costumava pescar Ceiuci. Além
de brincar com a filha da caapora, Macunaíma foge de Ceiuci em um cavalo que
percorre de forma surrealista a América Latina: em algumas linhas, faz o
incrível trajeto de Manaus à Argentina.
Disfarçando-se de pianista,
Macunaíma tenta obter uma bolsa de estudo para seguir no encalço de Venceslau
Pietro Pietra, que fora para a Europa. Não conseguindo ludibriar o governo, decide
viajar pelo Brasil com os irmãos. Numa das andanças, com fome, o herói encontra
um macaco comendo coquinhos. O macaco diz cinicamente que estava comendo os
próprios testículos. Macunaíma, ingenuamente, pega então um paralelepípedo e
bate com toda a força nos seus, ditos, coquinhos. O herói morre e é
ressuscitado pelo irmão Manaape, que lhe restitui os testículos com dois
cocos-da-baía.
Jiguê se enamora de uma moça
piolhenta, que brinca toda hora com Macunaíma. Quando descobre a traição, Jiguê
dá uma sova no herói e uma porretada na amante, que vai para o céu com seus
piolhos, transformada em estrela que pula.
Macunaíma mata o gigante Piaimã,
jogando-o num buraco com água fervendo, onde Ceiuci preparava uma imensa
macarronada. Depois de matar Venceslau Pietro Pietra, o herói consegue
recuperar a muiraquitã.
Macunaíma e os irmãos resolvem
voltar para o Uraricoera, levando consigo alguns pertences e uma dose de
saudade de São Paulo. Na volta, o herói tem vários casos amorosos. Perseguidos
pelo Minhocão Oibê, Macunaíma o transforma num cachorro-do-mato e segue viagem.
Chegando ao Uraricoera, o herói
se entristece ao ver a maloca da tribo destruída. Uma sombra leprosa devora os
irmãos, e Macunaíma fica só. Todas as aves o abandonam, apenas um papagaio, a
quem conta toda a sua história, permanece com ele.
Vei, a Sol, vinga a desfeita que
Macunaíma havia feito a uma de suas filhas e cria uma armadilha para o herói,
que, ao ver a uiara em uma lagoa, se deixa seduzir e acaba sendo mutilado pelo
monstro. Macunaíma consegue recuperar suas partes mutiladas, abrindo a barriga
do bicho, mas não encontra sua perna nem a muiraquitã. O herói vai para o céu,
transformado na constelação da Ursa Maior.
Por fim, no epílogo o narrador
conta que ficou conhecendo essa história através do papagaio ao qual Macunaíma
havia relatado suas aventuras.
Lista
de personagens
Macunaíma:
personagem principal do livro, é individualista, preguiçoso e faz o que deseja
sem se preocupar com nada. Além disso, é vaidoso, mente com a maior facilidade
e gosta, acima de tudo, de se entregar aos prazeres carnais.
Maanape: irmão
de Macunaíma. Tinha fama de feiticeiro e representa o povo negro.
Jiguê: outro
irmão de Macunaíma. Representante do povo indígena.
Sofará:
companheira de Jiguê com quem Macunaíma “brincou” diversas vezes.
Iriqui: segunda
mulher de Jiguê. Macunaíma também “brincou” com ela diversas vezes, vindo a
ganha-la de presente porque Jiguê achou que não valia a pena brigar por causa
de uma mulher.
Ci: a Mãe
do Mato. Foi o grande e único amor de Macunaíma. Engravidou dele, mas perdeu o
filho e transformou-se em estrela. Foi ela quem deu a Muiraquitã a Macunaíma.
Venceslau
Pietro Pietra ou Piaimã:
gigante comedor de gente, que roubou a muiraquitã de Macunaíma.
Vei: é “a
sol”. Tem duas filhas e quer que Macunaíma case com uma delas.
Ceiuci: mulher
do gigante Piaimã, é uma velha gulosa comedora de gente.
Sobre
Mario de Andrade
Mário Raul de Morais Andrade
nasceu na cidade de São Paulo em 9 de outubro de 1893. Seu pai era de origem
humilde, mas conseguiu alcançar uma situação financeira estável através de
muito trabalho e esforço. Sua mãe, apesar de ser descendente de bandeirantes,
também não era rica.
Quando pequeno tinha baixo
rendimento na escola, ao contrário de seus irmãos, que eram muito elogiados.
Porém, em dado momento Mário começou a estudar, ler muito e passava até nove
horas por dia estudando música. Assim, em 1917, ele conclui o curso de piano no
Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, publica seu livro de estreia,
Há uma gota de sangue em cada poema. Além disso, conhece Anita Malfatti e
Oswald de Andrade.
Como um dos principais
organizadores, participa da Semana de Arte Moderna, que foi realizada em 1922
no Teatro Municipal de São Paulo. Neste mesmo ano, publica o livro de poesia
Paulicéia Desvairada. Em 1927 publica o polêmico Amar, verbo intransitivo,
criticando a hipocrisia sexual da alta sociedade paulistana.
Em 1934 é nomeado diretor do
Departamento de Cultura do Município de São Paulo, onde fica até 1938, quando
se muda para o Rio de Janeiro. Em 1940 resolve voltar para São Paulo, vindo a
trabalhar no Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Em 1942, publica O Movimento
Modernista, onde faz o balanço e a crítica de sua geração. A partir dessa
época, seu estado de saúde, que já era frágil, piora. Em 25 de fevereiro de
1945, Mário de Andrade sofre um ataque cardíaco e morre.
Além de romances, poemas e
contos, Mário deixou uma grande coleção como crítico literário ("O
movimento modernista" (1942), "Aspectos da literatura
brasileira" (1943) e outros livros). Seus principais romances são:
"Paulicéia Desvairada" (1922), "Amar, verbo intransitivo"
(1927) e "Macunaíma" (1928).
REFERÊNCIA
SUGESTÃO DE LEITURA:
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