domingo, 13 de agosto de 2017

TROVADORISMO – A PROSA MEDIEVAL


A partir do século XIII surgem as novelas de cavalaria, traduzidas do francês e do inglês. Originariamente, eram poemas de temas guerreiros, chamados canções de gesta (gesta = feitos guerreiros, façanhas). De fundo teocêntrico e cavaleiresco, contavam as aventuras dos reis e seus cavaleiros. Uma delas, a Demanda do Santo Graal, evocava o rei Artur e seus companheiros, que habitualmente se reuniam em volta de uma mesa – a távola redonda. Todos se esforçam por descobrir o Santo Graal, isto é, a taça em que Jesus bebera durante a última ceia.

Floresceram também, nesse período:

Ø  Os cronicões: livros de crônicas que deram início a historiografia portuguesa;

Ø  As hagiografias: vidas de santos;

Ø  Os livros de linhagem (ou nobiliários): relação de nomes, geralmente de fidalgos, com a intenção de estabelecer graus de parentesco a fim de evitar casamentos entre parentes próximos e dirimir dúvidas no caso de herança.

Didaticamente, considera-se como marco final desta época o ano de 1418, quando Fernão Lopes inicia as suas atividades de cronista do Estado, na Torre do Tombo, assinalando o início do Humanismo em Portugal.

Fernão Lopes, contrariando a visão unilateral de outros cronistas medievais, deixou-nos um panorama múltiplo da sociedade portuguesa, não apenas retratando a vida na  corte, com suas intrigas, mas valorizando também o papel histórico do povo.


NOVELAS DE CAVALARIA




As novelas de cavalaria são narrativas ficcionais de acontecimentos históricos, originárias da prosificação de poemas épicos e das canções de gesta (guerra) francesas e inglesas. Refletiam, de modo geral, os ideais da nobreza feudal: o espírito cavalheiresco, a fidelidade, a coragem, o amor servil. Geralmente não apresentavam autoria e sua temática estava ligada às aventuras dos cavaleiros medievais, na luta entre o "bem" e o "mal" das Cruzadas, em defesa da Europa Ocidental contra sarracenos, eslavos, magiares e dinamarqueses, inimigos da cristandade. Os cavaleiros são castos, fiéis e dedicados, segundo os padrões da Igreja Católica, dispostos a qualquer sacrifício para defender a honra cristã, em contraposição ao cavaleiro da corte, geralmente sedutor e envolvido em amores ilícitos.

As novelas eram tidas em alto apreço e foi muito grande a sua influência sobre os hábitos e os costumes da população da época.

As novelas de cavalaria dividem-se em três ciclos e se classificam pelo tipo de herói que apresentam:

Ciclo clássico

Heróis "emprestados" da antiguidade greco-romana e da literatura clássica (Ulisses, Enéias ...); novelas que narram a guerra de Tróia, as aventuras de Alexandre, o grande.

Ciclo carolíngio

Versando sobre as aventuras de Carlos Magno e os Doze Pares de França. Algumas dessas novelas foram trazidas para o Brasil no período da colonização, e seus heróis alimentam ainda hoje a literatura de cordel nordestina.

Ciclo bretão ou arturiano

O mais fecundo de todos, com as histórias sobre o Reino de Camelot, o Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Três são as novelas remanescentes desse ciclo: José de Arimatéia, História de Merlim e A Demanda do Santo Graal.

A Demanda do Santo Graal é a novela mais importante para a literatura portuguesa, reunindo dois elementos fundamentais da Idade Média quando coloca a Cavalaria a serviço da Religiosidade. Ela retrata as aventuras dos cavaleiros do Rei Artur em busca do cálice sagrado (Santo Graal), que conteria o sangue recolhido por José de Arimatéia, quando Cristo estava crucificado.

Com o advento do Humanismo, esses ciclos de novelas deram lugar a um novo ciclo - o dos Amadises - desvinculado dos ideais religiosos cristãos e com erotização das relações amorosas.

A última novela de cavalaria data do século XVI, e, embora visasse à crítica do gênero e de seu conteúdo, que já se acreditavam esgotados, terminou por constituir-se na melhor e mais famosa de todas: D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes.

REFERÊNCIAS

MAIA, J.D. Português N. Ensino Médio. São Paulo, Ática, 2004.


ABAURRE, M. L. M. et all. Português: contexto, interlocução e sentido. v. I. São Paulo: Moderna, 2013. 

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